Kabat-Zinn (2003) definiu o mindfulness como a consciência que emerge de prestar atenção ao momento presente sem julgamento; ou seja é entrar dentro de si próprio em todos os momentos, evidenciando uma atitude de aceitação. Esta definição é consonante com a de Bishop et al. (2004) que sugeriu que o mindfulness envolve a auto-regulação da atenção e a aceitação das próprias experiências atuais ao invés de estar em “piloto automático” o que implica envolver-se em comportamentos que estão fora da consciência e da atenção (Schonert-Reichl & Lawlor, 2010). Assim, quando algo surge, há a aceitação e não julgamento, o que permite clareza e atenção (Meiklejojohn et al., 2012).
No entender de Siegel (2007) necessitamos desesperadamente de uma nova maneira de ser e de estar: em nós mesmos, nas nossas escolas e na nossa sociedade. Nos últimos tempos, a cultura moderna desenvolveu-se de maneira a criar um mundo atribulado, onde as pessoas estão isoladas e as escolas não conseguem inspirar nem cativar os seus alunos; em resumo, um mundo no qual, como sociedade, carecemos de uma bússola moral que nos ajude a orientar na comunidade global.
Segundo Shapiro et al. (2015), o desenvolvimento de uma atitude positiva durante a infância e adolescência promove o estabelecimento de uma relação com ela própria e com o outro. Nesse sentido, a literatura tem demonstrado que este período é o mais apropriado para introduzir a atenção plena (a prática do mindfulness) podendo tornar-se uma prática contínua ao longo do ciclo de vida do individuo. É com este objetivo que os programas de atenção plena têm sido cada vez mais empregues na infância em distintas idades (Zelazo & Lyons, 2011).
Os programas de atenção plena, desenvolvem atividades que promovem o foco da atenção a partir de estímulos externos e internos a si. Um exemplo de um programa mundialmente aceite é o “Kindness Curriculum” de Flook e colegas (2015), um dos mais reconhecidos na literatura que procura melhorar os comportamentos pró-sociais e de aprendizagem, o desenvolvimento social-emocional e o aumento da auto-regulação.
Naturalmente a aptidão de controlo e regulação das emoções é uma capacidade crucial para as crianças e jovens, uma vez que estas têm um contributo significativo para o sucesso escolar (Hanceroglu, 2017). De acordo com Blair (2002) a regulação das emoções é uma forma de auto-regulação que apoia a aprendizagem, desempenho académico, bem como preserva as relações sociais positivas das crianças e dos jovens. Assim ao promover a facilitação da capacidade de regulação emocional das crianças estar-se-á a promover o sucesso escolar (Carlton, 1999; Izard et al., 2001; Shields et al., 2001). Contudo a aprendizagem emocional tornou-se cada vez menos prioritária uma vez que cada vez mais as escolas dão ênfase às aptidões académicas (e.g. notas dos testes como um bom preditor do sucesso académico) (Barrie, 2011). Adicionalmente as crianças que não desenvolvem as competências necessárias para regular as suas emoções negativas, estão mais propensas a vir a ter um pior desempenho académico (Rubin & Clark, 1983). Nesse sentido é pertinente que as crianças estejam envolvidas em programas que promovam tais competências (Denham, 2006). Um estudo quantitativo, feito em Inglaterra, acerca dos efeitos de um programa mindfulness baseado na atenção ao bem-estar emocional em seis escolas primárias para crianças entre os nove e os doze anos revelou que as crianças revelavam um aumento significativo nas emoções positivas.
Assim, resumindo, podemos dizer que a prática de Mindfulness tem como:
Objetivos:
-treinar o foco, a atenção do momento presente;
-desenvolver o auto conhecimento;
-melhorar a auto estima;
-praticar o não julgamento;
-desenvolver os valores: aceitação, compaixão e generosidade.
Benefícios:
-redução de stress e ansiedade;
-maior consciência emocional e física;
-maior capacidade de concentração;
-melhoria nas capacidades de memória;
-equilíbrio de estados emocionais;
-redução do batimento cardíaco e atividade cerebral.
Conteúdos:
- Conceitos de mindfulness e meditação;
- Práticas formais e informais de mindfulness.
É nossa intenção na consecução do projeto harmonizar as sessões ao “público” que tivermos; usar linguagem simples e acessível e ser sempre paciente e encorajador.